HISTÓRIA 

 

 

Descrita Conforme narrativa de livro da Època. 

 

 

O “Sindicato dos Marceneiros e Anexo”, de Porto Alegre, foi fundado em 1907 e sua sede era no Salão 1° de Maio, na Avenida Missões, em Navegantes. Ao que tudo indica, esta foi a sua primeira diretoria:

 

Secretário – Bernhar Jung

Tesoureiro – Orloff  Neith

Bibliotecário – Adolf Hartmann

 

Direção Econômica: Augusto Schimelfeiniger,  João Hoffmann e W. Hartmann.

 

 “Esse Sindicato – Diz “A Luta” de 15/05/1907, falando nas comemorações do 1º de maio – foi a única associação que soube rememorar com coerência e dignidade a mais tétrica de todas as páginas que compõem a historia proletária.  Os demais, além de cometerem uma ignomínia à memória dos nossos irmãos abnegados, fizeram deste dia um pacto de paz entre forças irreconciliáveis: o trabalho e o capital.

 

E foi isto a comemoração do 1º de Maio em Porto Alegre.

 

Os burgueses e os socialistas triunfaram!”

 

 O que aconteceu, e que tanta indignação causou aos anarquistas, foi o seguinte: o  grupo socialista de Xavier da Costa, que vinha de namoro aberto com o Partido Republicano, jogou todo o peso da FORGS, que estava em suas mãos,  “suas” entidades, e promoveu uma baita festança cujo ponto culminante foi um “pic-nic”  na chácara do coronel Peterson, prócer borgista, na Tristeza.

 

 E foi um “farrancho” e tanto, essa comemoração do 1º de Maio em Porto Alegre: distribuíram um panfleto bilíngüe (em português e alemão, à classe operária, puxaram passeata, com banda de música e foguetório, e acabaram realizando um bailareco, na Ramiro Barcelos, o qual, segundo noticiário de “A Luta”, acabou em grossa pancadaria. Pela manhã fizeram um comício, também, em Navegantes, onde discursou Carlos Cavaco).

 

 Os anarquistas, porém, não enguliram em seco essa “ignomínia”: fizeram, também, a “sua” comemoração, destinada,  naturalmente, a “lavar a honra operária”. Antes disso, é claro, tiraram um manifesto e o colaram, na noite anterior, nas paredes dos bairros operários. É o seguinte o seu texto:

 

 “Operários!

 

 O Primeiro de Maio não é um dia feriado, nem consagrado à festa do trabalho e da paz, nem tampouco um descanso das ferramentas como pretendem os eternos mistificadores e sim dia de reivindicações e de viris protestos. Daí, portanto, operariado, ao Primeiro de Maio o seu verdadeiro caráter histórico, como fizeram em Chicago, Áustria, Rússia, França, Itália, Espanha, etc., os nossos companheiros, começando por organizar métings e terminando por confundir o seu grito de protesto com o fumo que se elevava acima das barricadas. O sangue desses companheiros que pagaram com a vida o seu grito de rebelião ainda não foi vingado e não há de ser com pic-nics e bombachatas como pretendem muitos, que haveremos de rememorar esta página negra das lutas proletárias.

 

 “O operariado não deve transformar-se no Judas da lenda cristã, fazendo dum dia de sangue, que lembra a morte e a miséria dos nossos irmãos de além-mar, um dia de festas e passeatas ridículas ao compasso das charangas”.

 

 “O Sindicato dos Marceneiros convida o operariado em geral para uma reunião no Salão 1º de Maio (Avenida Missões, Navegantes), às 9 horas da manhã

 Essa solenidade anarquista foi efetivamente realizada no local e hora marcados. Poucos, mas fiéis. Aí “falaram os companheiros Schimelfeiniger, Stefan Michalski, Grochi, Gómez Ferro, Taborda, Melo e outros, sendo todos muito aplaudidos”, segundo seu jornal.